Os especialistas costumam definir a pele como a porta de entrada do organismo. Mas leva um tempo até que ela adquira a maturidade imunológica e a espessura necessárias para interceptar intrusos e resistir às agressões do ambiente.
De acordo com Carla Carvalho Cruz, dermatologista especializada em pediatria, por isso, os recém-nascidos são tão vulneráveis à ação de produtos de higiene, ao calor e aos micróbios que se proliferam na umidade das fraldas, entre outros fatores. Sem contar que, “ao nascer, a criança entra em contato com hormônios maternos concentrados na placenta, o que pode favorecer o surgimento da dermatite seborréica e da acne neonatal, por exemplo”, acrescenta a médica.
Pele do bebê protegida
De acordo Carla, por essas e outras razões, é importante se antecipar ao incômodo e poupar a cutis do bebê das condições que propiciam complicações. “Os banhos devem ser rápidos, mornos e com pouco sabonete. Evite o uso de lenços umedecidos, lavando o bumbum com algodão e água morna. Hidratantes próprios para bebês são bem-vindos”, aconselha a dermatologista. Essas estratégias, segundo ela, preservam a hidratação natural da pele, tornando-a mais resistente a irritações, alergias ou infecções. As trocas de fralda também precisam ser foco de atenção. “Elas devem ser realizadas a cada três horas ou imediatamente, se estiver com cocô. E utilize, sempre, uma pomada de barreira”, orienta.
Aleitamento
Amamentar exclusivamente, até os seis meses de vida, é outra forma de reforçar as defesas do seu filho. “Isso porque os anticorpos da mãe são transmitidos à criança por meio do leite materno”, justifica a dermatologista.
Roupinhas do pequeno
Em relação às roupinhas, dê preferência ao algodão, evitando lãs e tecidos que retenham o suor. Lembre-se de que a umidade é um prato cheio para os germes. “E nada de exagerar nos agasalhos. A sensação térmica do filhote não é muito diferente da sua. Enrolá-lo em duas cobertas numa tarde quente seria exagerado. Se a temperatura for de 30 graus, por exemplo, você pode deixá-lo com uma camiseta de manga curta” diz a médica.
Crianças maiorzinhas
No grupo das crianças maiores, as situações que colocam a pele em risco são outras, assim como as medidas de prevenção. “Elas costumam se infectar no ambiente coletivo de creches e escolas. O contágio geralmente ocorre por contato direto ou em tanquinhos de areia, que são focos de fungos, bactérias e protozoários. Por isso, a recomendação é ficar longe deles”, alerta Carla, aconselhando que os pais sempre examinem o corpo da criança, ao final do dia. “Observe a pele, as unhas e as partes íntimas. Assim, será possível detectar eventuais lesões em estágio inicial”, propõe.
Abaixo a dermatologista enumera as doenças de pele infantis mais comuns. E, se apesar de todo o zelo, a criança aparecer com um probleminha desses, ela explica o que fazer:
1-Acne neonatal
Fase mais comum em é em recém nascidos. Causa obstrução dos poros causa inflamações na pele caracterizadas por erupções superficiais. Normalmente aparecem no rosto e no tronco.
Tratamento
Nunca espremer. Lavar o rosto com água e sabão neutro, depois secar. Aplicar protetor solar infantil para evitar manchas. Especialista pode indicar esfoliação da pele e uso de antibióticos tópicos.
2-Assaduras ou dermatite de fralda
Costuma aparecer em bebês e crianças obesas de até seis anos. São inflamações na pele causadas principalmente por alergias ou acúmulo de calor e umidade promovido pela fralda ou falta de higienização adequada, principalmente nas dobras. Provocam ardência, irritação e coceira.
Tratamento
Limpeza com água abundante e sabão neutro para retirar suor, urina e fezes. Manter a pele seca e arejada, com troca frequente de fralda. Deixar o bebê de 15 a 30 minutos sem fralda, sob o sol. Meninas devem usar calcinha de algodão de dia, dormir sem calcinha à noite, receber supervisão ao se higienizar e vestir saias, em vez de roupas apertadas. Nada de pomadas. Alguns cremes vitaminados são bastante utilizados, pois criam filme de proteção entre a pele e os agentes agressores.
3-Caspa ou dermatite seborreica
Fase mais comum é também em recém-nascidos e bebês. Surge, principalmente, no couro cabeludo, de pequenos flocos brancos e oleosos, associados ou não a coceira. Pode ser desencadeada pelo contato com hormônios maternos da placenta, no momento do parto.
Tratamento
Usar óleo de amêndoas antes do banho para auxiliar na remoção das crostas, debaixo do chuveiro. Se não surtir efeito, um médico deve ser procurado para recomendar medidas específicas.
4-Dermatite atópica
Bebês e crianças apresentam a doença que dá inflamação e coceira, além de vermelhidão e erupções na pele caracterizadas por uma espécie de reação alérgica.
Tratamento
Banhos rápidos e com uso de sabonete neutro, que devem ser aplicados, somente, nas áreas mais sujas. Após banhos, passar hidratantes neutros. Manter uma alimentação saudável, com diminuição de alimentos com corantes e conservantes, além de refrigerantes e doces. Dependendo do aspecto das lesões, que devem ser avaliadas por especialistas, eles podem prescrever o uso de cremes, loções, sabonetes neutros e compressas úmidas.
5- Brotoejas
Bebês apresentam as brotoejas, que são o o bloqueio das glândulas do suor provocando o aparecimento de bolinhas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, causando irritação e coceira.
Tratamento
Aplicação de maisena e compressas de água fria. É essencial evitar o uso de substâncias que impeçam ou atrapalhem a transpiração. O ideal é manter uma temperatura confortável e um ambiente refrescante, com roupas leves.
6-Micoses
Pode ocorrer em qualquer idade. Infecções de pele incômodas e resistentes, principalmente nas dobras do corpo e regiões de fralda, causadas por fungo.
TratamentoManter região de dobras e fraldas secas. Especialista pode prescrever a utilização de pomadas. O tratamento costuma ser relativamente demorado.
7-Piolho ou pediculose
Aparece no decorrer da infância. Apresenta uma coceira intensa no couro cabeludo; surgimento de lêndeas, os ovinhos da fêmea do piolho, no cabelo.
Tratamento
Aprimorar a higiene pessoal. As loções e xampus disponíveis sem prescrição médica são razoavelmente eficazes, embora a resistência a tais produtos esteja crescendo.
8- Impetigo
Aparece entre 4 e 7 anos e é causada pelas bactérias estreptococos ou estafilococos, manifestando-se na forma de uma lesão arredondada e com pus. “Geralmente, o impetigo ataca as regiões que possuem orifícios, como boca, nariz e ânus. Os principais sintomas são coceira, dor e, eventualmente, febre” diz Carla.
Tratamento
À base de antibióticos.
Serviços:
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