Na novela ‘A Força do Querer’ da Rede Globo, a personagem
Ivana, interpretada pela atriz Carol Duarte, após se sentir desconfortável com
o próprio corpo, procura fazer terapia e descobre ser ‘trans. A transformação
vem aos poucos assim como a rejeição familiar, que não entende e não aceita a
nova condição do personagem.
Na vida real, uma pesquisa divulgada pelo site “Mundo
Psicólogos” mostra que a procura por profissionais especializados em
sexualidade cresceu 173%, na comparação dos quatro primeiros meses deste ano em
relação a 2016.
De acordo com o levantamento, aumenta a cada dia o número de pessoas que
procuram um especialista para solucionar conflitos relacionadas a identidade de
gênero e orientação sexual. Outra informação interessante é que o pedido de
ajuda vem, em grande parte, das famílias que não sabem lidar com a
homossexualidade ou a transexualidade dos filhos e filhas.
O termo transgênero está ligado à identidade de gênero,
quando uma pessoa não se identifica com o sexo correspondente ao de seu
nascimento. Para resumir de forma simples, é quando uma pessoa se olha no
espelho e não reconhece o reflexo. “O
transgênero nasce assim. Não é algo que surge por influência do ambiente,
tampouco se trata de uma escolha”, explica Edyclaudia Gomes de Sousa, psicóloga
Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia, que completa: o gênero é o
resultado da junção de dois fatores – como a pessoa se vê e como ela se
expressa.
São consideradas pessoas transgêneras
aquelas que fizeram a cirurgia de redefinição de sexo, as que apenas receberam
tratamento hormonal e até mesmo as que não receberam nenhum tipo de tratamento.
“Uma pessoa que nasceu com sexo feminino, se identifica e vive como homem, é um
homem trans. Uma pessoa que nasceu com sexo masculino, se identifica e vive
como mulher, é uma mulher trans’, esclarece a psicóloga.
Segundo a especialista, apesar de as famílias reconhecerem a importância
do diálogo sobre sexualidade, elas não se sentem tão preparadas para conversar
com os jovens sobre os temas contemporâneos que envolvem esse universo.. “É um
problema, porque, sem diálogo franco, positivo e confortável, caminhamos com
essa latência de não encarar o tema de um ponto de vista mais maduro”, afirma
Edyclaudia.
Sexualidade
Não necessariamente um homem trans irá sentir atração por
uma mulher, assim como nem toda mulher trans sentirá atração por um homem. Isso
ocorre porque a sexualidade não se confunde com identidade de gênero, são
coisas distintas. “Um transgênero pode ser pode ter qualquer orientação sexual,
seja heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, etc”, diz Edyclaudia. “A
sexualidade é uma necessidade do ser humano. Surge pelo desejo de receber e dar
afeto não apenas através do ato sexual propriamente dito, mas pela troca de
carinhos”, completa.
Preconceito
e desafios
Para os pais se adaptarem a essa realidade pode ser bem
difícil. “Muitos transgêneros não se confidenciam com parentes ou amigos
próximos por medo deles não entenderem o que está acontecendo”, afirma a
profissional. É comum que os pais tratem o tema como ‘uma fase’ e não levem a
sério os sentimentos do filho e o momento que ele está passando. “A presença, e
principalmente, o apoio dos pais é primordial nessa fase de descobrimento”,
comenta Edyclaudia. “Em um primeiro momento, é importante estar atento ao que
os filhos dizem e fazem. Quem vive essa experiência tem dificuldades de
expressar seus sentimentos, dessa forma se faz necessário o acompanhamento de
um psicólogo qualificado e preparado para lidar com essas questões”, finaliza.
Abaixo a psicóloga responde a 5 questões sobre a
transexualidade:
1. O
que define exatamente a transexualidade?
O “ser mulher”, com um corpo de homem; um “ser
homem” com um corpo de mulher. Nesses casos, há um processo de mudança
física possível que dependerá da vontade de cada transexual.
2. Dentro
da diversidade sexual, são muitos os termos que encontramos? Quais são eles e o
que significam?
Heterossexuais:
se sentem atraídos sexual e/ou afetivamente por pessoas do gênero contrário ao
seu.
Homossexuais: se sentem atraídos sexual e/ou afetivamente por pessoas do gênero
idêntico ao seu.
Bissexuais: podem se sentirem atraídos por pessoas do gênero masculino, ou do
gênero feminino.
Assexuais: não se sentem atraídos sexualmente por ninguém.
Em relação aos gradientes de gênero, temos muitos
termos: cross-dresser, drag queen, drag king; andróginos, trans não binários
etc.
3. Qual
a diferença entre uma travesti e uma transexual?
Antigamente, a travesti era conhecida como uma
pessoa que se sentia homem e mulher ao mesmo tempo. Por isso, não queria fazer
a operação. Hoje, a diferença é social e política. Sabemos que há
gradientes (graus) de masculinidade e feminilidade (gêneros) não atrelados
completamente ao biológico. Quando a pessoa se sente uma mulher em um
corpo de homem e é de classe econômica e social mais simples, ela é denominada
travesti. Geralmente, essas pessoas não têm nenhuma oportunidade na vida e se
tornam profissionais do sexo para sobreviverem. Quando a pessoa com essa
questão de gênero pertence a uma classe social e econômica mais alta, ela é
denominada transexual. Quem não tem essa questão é denominada cissexual.
4. As
pessoas confundem, às vezes, identidade de gênero com orientação sexual. Você
pode explicar qual é a diferença?
Na “orientação” ou
“condição” sexual, a pessoa é hétero, bi, homossexual ou
assexual. Identidade de gênero refere-se ao gênero com o qual a pessoa se
identifica: saber-se masculino(a) ou feminina (o) e em que graus. Essa condição
pode mudar no decorrer da vida.
5. Qual
a principal (ou principais) dúvida em relação à diversidade
sexual que chega até você no dia a dia?
A diversidade sexual continua a ser avaliada muito
negativamente. Portanto, continua a dificuldade de autoaceitação pelos jovens
da homo ou bissexualidade e a dificuldade de aceitação desses filhos diferentes
por seus pais.
Serviço:
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Consultório de Psicologia Edyclaudia Gomes de
Sousa
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