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Compulsão alimentar na pandemia: saiba quais são os riscos associados ao distúrbio




Você sabia que a compulsão alimentar é uma doença?

Sim, ela é um distúrbio alimentar caracterizado pela ingestão exagerada de alimentos. Embora, ainda seja bastante comum que as pessoas não enxerguem com gravidade, o transtorno causado pela compulsão chega a ser considerado, em muitos casos, como frescura ou hábito de gula.

Essa ingestão exagerada ocorre mesmo sem a presença de fome ou necessidade física do alimento. Em geral, a pessoa compulsiva perde o controle sobre o que está ingerindo e em qual quantidade. Dessa forma, come alimentos em grandes quantidades em um curto espaço de tempo, sem que haja a percepção do mal que pode estar fazendo a si mesmo.

Com o isolamento social em tempos de pandemia, acende-se o sinal vermelho para chamar atenção a esse transtorno, que embora pareça ser algo tratável, em casos mais graves pode ocasionar danos colaterais irreversíveis. O aumento da ansiedade, junto com o sedentarismo e o relaxamento físico torna mais simples esse processo de compulsão por alimentos calóricos e de fácil preparação — já que para comer um chocolatinho ou morder um pedacinho de bolacha basta apenas abrir a embalagem e mastigar.

De acordo com a Psicóloga e Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, Viviane Menezes, é preciso ficar atento aos sinais para que possa ser identificada a causa do distúrbio para que a pessoa consiga buscar por ajuda profissional, além de cuidar da saúde do corpo e da mente.



Abaixo Viviane responde algumas perguntas sobre compulsão alimentar e o que é mito e verdade:


Estou em isolamento social, porém ando me alimentando de forma errada. Como posso identificar se estou sofrendo de transtorno pela compulsão alimentar?



Sabemos que todo mundo tem um momento em que exagera na comida. Isso é um fato. Mas, às vezes, ocorre de exagerarmos em determinados alimentos ou momentos, principalmente aqueles em que estamos em casa com a família, amigos ou até mesmo sozinhos.

Logo, comer demais esporadicamente é considerado uma situação normal. No entanto, comer demais passa a ser um transtorno quando se torna um hábito e foge do controle, a compulsão alimentar é identificada quando a pessoa passa a ser dependente da comida. Muitas vezes a compulsão por alimentos está relacionada com as questões emocionais, sendo comum descontar na comida quando se está ansioso, triste, estressado, angustiado, frustrado e com baixa autoestima.  Logo, o ato de comer como sistema de recompensa é um auto merecimento quando compartilhados sentimentos de alegrias e comemorações, realizações positivas ou boas notícias sendo usada como um suporte emocional. O transtorno alimentar pode ter como comorbidade a ansiedade e depressão. A frequência com que a pessoa se alimenta sem sentir fome é com certeza um sinal vermelho de alerta e deve ser levado em consideração que talvez seja a hora de buscar por ajuda.

Por que a compulsão alimentar se tornou mais comum na pandemia?

Simplesmente a ansiedade é um fator bastante influente nesse processo de compulsão alimentar. Principalmente agora na pandemia em que as pessoas estão em suas casas, trabalhando home office, cuidando dos filhos e realizando várias tarefas ao mesmo tempo - nesse caso refiro-me mais as mulheres. Tudo isso, impacta diretamente na forma de se alimentar.  Às vezes, aquela velha história de dizer “que só irei comer um pouco mais hoje e amanhã eu paro”, é exatamente nesse momento de descontração que pode morar o perigo, principalmente, se ele se tornar constante.  Em época de pandemia não podemos descuidar da saúde, é preciso manter uma alimentação balanceada e tomar muito cuidado com os exageros causados pelo aumento de ansiedade e tédio.

Nesses casos, quais os principais sintomas que devem ser levados em consideração na hora de dar o diagnóstico?

Na hora de dar o diagnóstico, nós psicólogos,e  até mesmo às pessoas em geral, devemos levar em consideração os seguintes sintomas: quando uma pessoa começa a comer mais rápido do que o normal, quando passa a comer sem estar com fome, continuar comendo mesmo quando já está saciado e após ter ingerido quantidades maiores que o necessário, comer sozinha ou escondida das outras pessoas, ficar mais introvertida ao tocar no assunto e sentir-se triste ou culpada por comer demais. Se você está passando por esses problemas, com certeza é hora de buscar por ajuda psicológica antes que seja tarde e a situação se agrave.

Quais são os riscos associados à compulsão alimentar? É verdade que a compulsão é uma doença silenciosa ou é mito?

Os ricos associados à compulsão alimentar são sempre diversos e pode variar de acordo com cada cenário e pessoa. Em geral, existem os mais preocupantes que devem ser sempre levados em consideração quando o assunto é transtorno alimentar. São eles a obesidade, cálculo renal quando a pessoa consome muito cálcio, diminuição da capacidade respiratória ou apnéia do sono, gastrite, hérnia de hiato e doenças como a Diabetes tipo 2, Hipertensão e níveis de Colesterol alto e principalmente outros distúrbios alimentares como a Bulimia ou Anorexia. De fato, a compulsão alimentar é uma doença silenciosa e muitas vezes, não dá para ser diagnosticada logo de imediato. É preciso fazer um acompanhamento continuamente uma vez que identificado o transtorno.

A obesidade pode ser considerada uma consequência da compulsão alimentar? Nesses casos, pacientes obesos são mais propícios a ter recaída após o tratamento?

É possível dizer que sim. Diversos estudos demonstram isso, pois há uma associação direta entre a obesidade e compulsão alimentar.

Por exemplo, cerca de 40% dos pacientes que atendo que sofrem com a compulsão alimentar optam por realizar uma cirurgia bariátrica. Justamente porque quando a pessoa apresenta compulsão alimentar tem maior frequência de recaídas após o tratamento para a perda de peso, maior incidência de transtornos psicológicos como depressão, abuso de álcool e drogas, transtornos de personalidade e insatisfação com a imagem corporal quando comparados com obesos não compulsivos.

Esses pacientes precisam de uma atenção maior, já que seu quadro clínico costuma ser um pouco mais delicado quando comparado a de uma pessoa que está em seu peso ideal, mas sofra do mesmo distúrbio. Entretanto, a limitação imposta pela operação da cirurgia bariátrica pode representar grande risco aos pacientes compulsivos, tornando difícil a adaptação à nova condição alimentar. Por este motivo, é muito importante que pacientes que decidam submeter-se a uma cirurgia de redução de estômago tenham acompanhamento psicológico frequente.

Por que as mulheres são mais vulneráveis a distúrbios alimentares?

Nós mulheres somos muito mais criteriosas com o nosso corpo, nosso cérebro meio que está no modo automático. Muitas doenças mentais como a esquizofrenia junto com a ansiedade — são resultado de diversos fatores, ou seja, é uma somatória de questões biológicas com a personalidade e as experiências pelas quais a pessoa passa ao longo da vida dela. Para uma mulher isso significa criar expectativas quanto ao próprio corpo o tempo todo, gerando ansiedade e um misto de sentimentos relacionados aos hormônios e pressão social. Se você for agora até uma banca de jornal ou acessar sites de moda na internet irá observar que as capas de revistas femininas  trazem como maioria modelos que seguem um padrão específico: o da magreza.


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