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Pedofilia: A triste realidade da violência sexual contra crianças e adolescentes


A novela "O Outro Lado do Paraíso", produzida pela TV Globo, vem abordando o tema do abuso sexual de crianças a partir da história de Laura (Bella Piero) e de seu padrasto, o delegado Vinícius (Flavio Tolezani). Na trama, a jovem sofreu violência sexual quando criança e guarda traumas psicológicos resultantes desses momentos de terror, sendo que, inclusive, não consegue manter relações sexuais com seu marido. A personagem Laura, procurou a ajuda de Adriana (Julia Dalavia), que é advogada e usou técnicas de coaching e hipnose para tratar a garota, que conseguiu provar em um tribunal os abusos e colocar seu algoz na cadeia.

De acordo com a psicóloga clínica Regina Nohra, Mestra em Hipnose, a pedofilia é um transtorno psiquiátrico em que um adulto ou adolescente mais velho apresenta uma atração sexual principalmente, ou exclusivamente, por crianças pré-púberes, com até 11 anos de idade. “Com tantos casos chocantes de violência sexual contra crianças e adolescentes, discute-se uma forma de combater a pedofilia – distúrbio sexual que pode estar relacionado a esses crimes. O simples encarceramento pode estar longe de ser uma solução. A pedofilia é uma doença que necessita de tratamento para a vítima e o agressor” explica a psicóloga.

Em comunicado publicado através da imprensa, o Conselho Federal de Psicologia criticou duramente a abordagem da novela em relação aos traumas decorrentes de uma violência sexual, ainda mais em um caso de pedofilia.

“Mesmo compreendendo o caráter de uma obra de ficção, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) entende que a telenovela “O outro lado do Paraíso”, por se tratar de uma obra capaz de formar opinião, presta um desserviço à população brasileira ao tratar com simplismo e interesses mercadológicos um tema tão grave como o sofrimento psíquico de personagem cuja origem é o abuso sexual sofrido na infância”, afirma a nota. Para o CFP, o atendimento nos casos de traumas emocionais gerados em casos de abuso sexual deve ser realizado por profissionais de psicologia. “São os [profissionais] que têm a habilitação adequada. Isso é amplamente reconhecido por diversas políticas públicas, entre elas o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que empregam essas profissionais em larga escala”, avisa.

Segundo Regina Nohra esta discussão é ampla e importante, mas o que vem ao caso neste momento é discutir e entender como identificar a suspeita de que uma criança possa estar sendo sexualmente abusada. “É preciso estar atento e a investigação deve ser feita cuidadosamente, pois isto certamente vai afetar em muito a vida da criança e da família como um todo” explica a psicóloga lembrando que a violência sexual contra a criança, infelizmente, ocorre em todos os grupos sociais e se caracteriza quando uma criança ou adolescente é usado como gratificação sexual por um adulto ou adolescente mais velho, através do uso da violência física, coação ou abuso da confiança.

Ainda de acordo com a especialista, muitas das vezes frequentemente o agressor é um membro da família ou responsável pela criança, alguém que ela conhece, no qual confia e com quem, muitas vezes, tem uma estreita relação afetiva. “Normalmente, este abuso fica cercado de um complô de silêncio, pois este é um ato que envolve medo, vergonha, culpa e desafia tabus culturais (a sexualidade, incluindo a da criança) e aspectos de interdependência e o silêncio é uma tentativa de preservar a família, evitando se dar conta da contradição existente entre o papel de proteção esperado da família e a violência que nela se dá. Em muitos casos, o silêncio e a negação caminham juntos”.

Abaixo, Regina Nohra aponta os comportamentos mais frequentes observados em crianças que foram ou são abusadas sexualmente:

1 – Crianças extremamente submissas;

2 – Crianças extremamente agressivas e antissociais;

3 – Crianças pseudo-maduras;

4 – Crianças com brincadeiras sexuais persistentes, exageradas e inadequadas;

5 – Crianças que frequentemente chegam muito cedo à escola e dela saem tarde (num esforço inútil de escapar da situação do lar);

6 – Crianças com fraco ou nenhum relacionamento com seus pares e com imensa dificuldade de estabelecer vínculos de amizade e com falta de participação nas atividades escolares e sociais;

7 – Crianças com dificuldade de concentração na escola;

8 – Crianças com total falta de confiança nas pessoas, em especial nas pessoas com autoridade;

9 – Crianças com medo de adultos do sexo oposto ao seu;

10 – Crianças com comportamento aparentemente sedutor com pessoas adultas do sexo oposto ao seu;

11 – Crianças que fogem de casa;

12 – Crianças com sérias alterações do sono (como em geral os abusos são feitos na cama, se estabelece o medo de dormir e sofrer o ataque);

13 – Crianças com comportamentos de automutilação;

14 – Crianças com imensos sentimentos de culpa em relação a tudo.

Quando o abuso sexual é feito por meio do incesto, ele é bem mais profundo e traumático, pois de forma mais contundente ficam marcados o abandono e a traição, porque à criança foi negado um direito inerente: o amor e a confiança. “As consequências disso são o emocional devastado, uma autoimagem destruída e uma profunda dificuldade em estabelecer relações de respeito, admiração e confiança no futuro com as pessoas” diz a hipnoterapeuta. Segundo ela, geralmente os homens que cometem incestos tiveram uma infância marcada por privações emocionais sérias (causada por morte materna, doenças graves ou abandono de um ou de ambos os pais).

Crianças mais velhas são menos facilmente abusadas, pois são mais fortes, maiores e podem revelar ao mundo tais abusos. Pessoas que foram abusadas na infância chegam à idade adulta sem os benefícios da infância. Muitas delas se tornam mulheres que acabam por repetir o padrão de suas mães (casando com homens violentos e abusivos) e, em geral, se tornam pessoas cronicamente deprimidas.

As estratégias do abuso sexual de crianças podem ser divididas em cinco fases: Fase do envolvimento, fase do sigilo, fase da revelação e fase da repressão.

Regina Nohra explica que o agressor, geralmente, faz com que a criança participe do abuso, fazendo-a acreditar que aquilo nada mais é do que um jogo divertido. “Ele, frequentemente, sabe o que agrada as crianças e as recompensa ou suborna. Em muitos casos, o agressor abusa sexualmente da criança a fim de satisfazer necessidades não sexuais suas, tais como: desejo de sentir importante, poderoso, dominador, admirado e desejado” conta a especialista. A revelação do abuso pode acontecer acidental ou propositadamente. De uma forma ou de outra, representa o fim de um calvário para a vítima e uma possível punição para o agressor.

“Crianças abusadas sexualmente, em especial as menores, não entendem o que de verdade está acontecendo e ficam sem saber COMO reagir nem SE DEVEM reagir. Em geral, elas fingem ignorar o fato e sofrem, muitas vezes, anos caladas. E lamentavelmente, quando o fato é revelado, muitas ainda têm que enfrentar o descrédito da própria família e da sociedade, o que as dilacera ainda mais por dentro”, explica.

Abaixo, Regina Nohra explica como é o tratamento através da hipnose para crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual:

“Cabe ao psicólogo que trabalha como hipnoterapeuta ericksoniano, conversar com os pais ou o responsável pela educação da criança, realizando uma anamnese minuciosa para entender o sistema familiar. A terapia é cortada sob medida para cada paciente, podendo ser utilizadas as diversas técnicas, tais como: relaxamento, contos, metáforas, histórias, visualizações, regressão, dentre outras”, finaliza.



Serviço:

Núcleo Ericksoniano de Psicologia Clínica, Estudo e Pesquisa


Endereço: Rua Coronel Moreira César 160, sl 1216- Icaraí - Niterói
Telefone: (21) 2719-8187 / (21) 99984-9989

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